Por: Amarílis Demartini
No Brasil, desde 2009 vigora uma lei que estabelece cotas femininas entre os candidatos lançados por cada partido nas eleições. O artigo 10, §3º, da Lei 9.504/97, determina que 30% de todos os candidatos precisam ser mulheres (ou homens, de forma que um sexo não exceda 70% do total). Em 2015, fixou-se ainda que 5 a 15% do dinheiro arrecadado por partido fosse gasto em campanhas de candidatas e que 10% do tempo de propaganda em meios de comunicação fosse obrigatoriamente para elas.
No Brasil, desde 2009 vigora uma lei que estabelece cotas femininas entre os candidatos lançados por cada partido nas eleições. O artigo 10, §3º, da Lei 9.504/97, determina que 30% de todos os candidatos precisam ser mulheres (ou homens, de forma que um sexo não exceda 70% do total). Em 2015, fixou-se ainda que 5 a 15% do dinheiro arrecadado por partido fosse gasto em campanhas de candidatas e que 10% do tempo de propaganda em meios de comunicação fosse obrigatoriamente para elas.
Além de ferir a autonomia partidária,
estas medidas acabam por favorecer os partidos grandes, já privilegiados com
vultosos fundos e muito mais tempo de propaganda.
Há pessoas que estão
insatisfeitas com estas regras por as considerarem muito tímidas. Estes
democratas se mobilizam para exigir que existam cotas femininas também nos
cargos de liderança partidária, cotas de candidatura em uma porcentagem maior -
de 50% - e inúmeras outras vantagens gratuitas. Chegam a defender que elas
sejam válidas não só para os concorrentes, mas também para os candidatos
eleitos, ou seja, pregam que, mesmo que mais homens tenham recebido votos
suficientes para se eleger, isso seja desconsiderado e determinada porcentagem
dos políticos que assumirem cargos sejam mulheres compulsoriamente. Tal ideia,
ironicamente, afronta o próprio direito de voto feminino, levando em conta que
as mulheres constituem a maior parte do eleitorado nacional.
O desconforto com as
proporcionalmente poucas mulheres envolvidas no cenário político institucional
brasileiro é grande e frequentemente são lançadas campanhas publicitárias
visando aumentar a participação feminina, como a realizada pelo TSE ainda este
ano.
Nós, do MATRIA, acreditamos que
as mulheres realmente podiam ser mais ativas na política (elas representam
aproximadamente 10% dos políticos em exercício hoje). Entretanto, rechaçamos
toda a paranoia igualitária que deu origem ao sistema de cotas e qualquer
tentativa de forjar, por motivos ideológicos, estatísticas que não se
expressaram espontaneamente em momento algum.
Em primeiro lugar, não há
quaisquer evidências de obstáculos concretos ao acesso feminino à política em
nosso país. As mulheres tem plenos direitos políticos, podem filiar-se a
qualquer partido, candidatar-se e ocupar posições de liderança, disso temos diversos
exemplos. Além disso, política não se faz apenas dentro da farsa democrática: A
participação de mulheres em movimentos sociais é muito forte, especialmente em
organizações campesinas e beneficentes. Pesquisas apontam que, em nosso país,
as mulheres tem melhor desempenho escolar, são maioria nas universidades e na
conquista de diplomas, o que também não deixa de ter uma carga política.
Outra questão a se considerar é
que não necessariamente uma maior participação feminina em cargos políticos
traria benefício real para as mulheres do povo. O que vemos atualmente é que as
mulheres da classe política em nada se diferenciam do demais componentes dela -
são tão corruptas quanto os homens, compradas pelo mesmos lobistas, defendem a
mesma ideologia hegemônica. O pensamento que rege a instauração de cotas comete
o eterno erro da modernidade - visa aumentar a quantidade ao invés de zelar
pela qualidade. Nada impede que uma autoridade masculina seja mais benéfica às
mulheres do que uma feminina e disso também se encontram muitos exemplos, é uma
questão de tal autoridade saber ouvir os diferentes setores da nação e
representá-los de forma justa. É isso que legitima qualquer governo, exercido
por homem ou mulher, e é isso que há muito tempo não temos tido.
Por fim, algo que se deve colocar
é que a participação política na sociedade brasileira é um fiasco no geral e a
crise de representação que vivemos atualmente não é um acaso. A participação do
brasileiro na política se resume a um voto digitado a cada 2 anos, para
indivíduos que ele nem sequer conhece, ou até detesta. Diga-se de passagem, a
cada ano aumenta o número de brasileiros que se recusam mesmo a ter essa
participação bienal, se abstendo do voto e expressando sua rejeição ao sistema
político atual. Não são cotas que vão melhorar o interesse das pessoas na vida
política, e sim uma educação pública e de qualidade para todos. É situar os
jovens na sua história, na sua tradição, na cultura e filosofia que herdam, no
cotidiano de sua comunidade, criando assim empatia e laços verdadeiros com o
que está a volta de cada um, mostrando a importância de suas ações no mundo.
O projeto da Quarta Teoria
Política para o Brasil - do qual o MATRIA se orgulha em fazer parte - não quer
quantidades, quer resultados. Que as mulheres participem da política segundo
sua própria inclinação e mérito, sem o igualitarismo patrocinado pela ONU e
pela mídia. Não precisamos de cotas femininas, não precisamos da aprovação de
liberais, somos mulheres livres na libertação do nosso Povo.
MATRIA - Feminilidade, coragem e
tradição!