Belas, recatadas, do lar e revolucionárias!

sexta-feira, 22 de abril de 2016





Mais um capítulo do mesquinho embate entre esquerdas e direitas aconteceu recentemente, em torno de uma matéria da revista Veja a respeito de Marcela Temer, a terceira esposa do vice-presidente Michel Temer. O título da matéria era "Bela, recatada e do lar" e, provavelmente, foi escolhido com a intenção de gerar polêmica e publicidade grátis para a revista (propaganda negativa também é propaganda). É claro que a esquerda atendeu prontamente o chamado da sua rival fraterna e ambas cumpriram mais uma vez com sucesso sua missão de distrair as pessoas das coisas realmente sérias ocorrendo em nosso país.

O texto em si retratava apenas uma vida burguesa, fútil e consumista, de uma mulher que se casou aos 20 anos de idade com um homem muito rico de 62 anos (na época). Não mostra nenhum exemplo de mulher do lar, e sim a glorificação de uma socialite, tentando demonstrar o quanto ela é sortuda por ter um marido rico e o quanto ele é agraciado por ter uma mulher jovem e bonita. A Veja apenas reforça o estereótipo burguês, o estilo "recatada e do lar" ali apresentado é apenas mais um produto a ser vendido pela direita do dinheiro, encarnado sob medida neste casal de oportunistas. Não valoriza em nada a mulher do lar real, figura tão importante para as famílias brasileiras, as mães e avós indispensáveis na vida de tantos trabalhadores; e ainda por cima, é possível perceber um traço de menosprezo velado pelas mulheres batalhadoras do dia-a-dia, que muitas vezes não tem a escolha de ficar exclusivamente em casa e precisam se submeter ao regime assalariado para sustentar seus lares sozinhas. Mesmo assim, o artigo foi exaltado pela direita, que defendeu a matéria incondicionalmente, simplesmente por ter irritado as feministas da esquerda.

Há muitas críticas que devemos fazer à revista Veja e à esta matéria em específico, principalmente à distorção que significa definir Marcela Temer como mulher “recatada e do lar”. Estaríamos de pleno acordo se a indignação da esquerda fosse por conta destes erros apresentados até aqui. Mas, infelizmente, não foi isso que ocorreu: Do outro lado, toda a indignação sobre o assunto voltou-se apenas para falar mal das verdadeiras donas-de-casa. 

A crítica esquerdista não se focou no fato de a matéria exaltar a vida fútil e capitalista de uma dondoca burguesa, mas em menosprezar todas as mulheres que escolhem dedicar-se inteiramente ao lar, muitas vezes em uma atitude de coragem e altruísmo. Postagens e mais postagens inundaram as redes sociais, falando mal da matéria com total desprezo às mulheres do lar, dizendo que elas são dominadas, idiotas e incapazes, e que as únicas “empoderadas” são as carreiristas egocêntricas e as que abdicam da própria feminilidade. As ditas feministas fizeram questão de afirmar que o pensamento de ser “do lar” não deve ser mostrado às mulheres como opção de escolha, mas combatido e extirpado como se fosse algum crime. Ou seja, se contradizem completamente ao fazer um discurso de liberdade e igualdade, ao mesmo tempo em que censuram uma alternativa que a mulher tem, só porque acham que aquilo não é o melhor para todas as mulheres. Que liberdade é essa? Na qual a mulher só pode ser aquilo que os moldes modernos pregam como ideal? Na qual qualquer alusão à vida doméstica deve ser rechaçada como sujeição, para que as mulheres estejam completamente sujeitas à exploração assalariada? 
Saibam vocês, feministas igualitárias da esquerda, que uma mulher pode ser guerreira e ativista em qualquer setor ao qual escolha se dedicar, seja trabalhando fora ou em casa. Saibam vocês que o trabalho feito no âmbito familiar ou comunitário, em um sistema de interdependência, está muito mais próximo da rebeldia e da ruptura com o capitalismo do que aquilo que é feito para as grandes empresas ou nos bordéis, e que vocês costumam entender como "empoderamento" nas suas distorcidas mentes liberais.

Se ofenderam também por Marcela ter sido citada como uma mulher bela. Ora, se uma mulher se sente linda e bem consigo mesma, não há motivo algum para se sentir ofendida por terem chamado outra de bela. Somos contra padrões midiáticos que são vendidos como ideal de beleza, defendemos uma vida e vaidade equilibradas. Mas o que há de nocivo na padronização da grande mídia está muito além da simples afirmação de que alguma mulher é bela. 

O mais engraçado é que essas mesmas esquerdistas que falam tanto de não seguir padrões atacam exatamente as mulheres que escolhem não seguir o padrão social do carreirismo e do individualismo ao se dedicar exclusivamente ao lar. Esse discurso de luta pelas mulheres e pela "liberdade", na verdade, serve para tentar mascarar todo discurso de ódio, preconceito, discriminação, intolerância e opressão (usando palavras que as esquerdistas preferem) que o movimento feminista igualitário tem contra as mulheres do lar. Como se ser dona de casa fosse uma aberração, algo inaceitável. Até quando as mulheres do lar serão marginalizadas de todos os lados, olhadas como coitadas e chamadas de malucas, por terem optado por uma missão tão nobre e tradicional como o trabalho no lar e de ser mãe em tempo integral? É muito triste ver esse desrespeito com as nossas antepassadas que lutaram em prol de seus lares. 

As mulheres do lar são dignas e devem ser valorizadas. A prova de sua força é vê-las remando contra a maré, enfrentando todos os julgamentos e desvalorização de suas escolhas por parte do movimento feminista igualitário, de muitos homens, da sociedade e de outras mulheres.
Uma mulher pode ser do lar e ser uma guerreira, militante, engajada contra os problemas políticos e sociais que afligem seu povo, exemplos de mulheres assim não faltam no curso da História.
Nós estamos com as reais mulheres guerreiras do lar, que lutam por sua terra e o futuro de seus filhos, netos, sobrinhos! A direita não nos descreve, não nos representa, muito menos o discurso de ódio veiculado pela esquerda. Nada vai nos impedir de lutar por nós mesmas!
Mulheres do lar, uni-vos na militância, não se deixem abater pelas críticas vindas dos liberais de direita e de esquerda, pois a revolução também começa em nossos lares!



 
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