A hipersexualização de meninos e meninas e como evitá-la

terça-feira, 27 de junho de 2017

Escrito por: Karla Lara
Traduzido por: Matria
Vale a pena defender e proteger até o último minuto  do jogo da infância, porque isso constrói meninos e meninas fortes, seguros de si mesmos e de seu valor como pessoa. Vale muito a pena! A hipersexualização destrói a infância!


Sou mãe de uma menina de 6 anos e me tenho me dado conta de quanta importância se dá a imagem das meninas e também a dos meninos: me refiro à sua aparência, à roupa que usam, aos padrões de comportamento que podem chegar a ter como referência enquanto crescem.

Pensando nisto encontrei o termo "hipersexualização" - que é a tendência a enfatizar o valor sexual da pessoa acima de qualquer outra qualidade que a defina. Esta tendência se estende à infância, acabando com ela em muitos casos: concursos de beleza de meninas e meninos, desfiles de moda, mudanças de imagem, vestuário para parecer mini-adultos...

A hipersexualização, neste caso, é a sexualização das expressões e do comportamento de meninas e meninos: a roupa, os brinquedos, os videogames e os objetivos de vida, que terminam erotizando sua infância. Isto representa um perigo, pois traz a possibilidade de que aprendam desde muito novinhos que o papel da mulher é de objeto sexual (principalmente as meninas) e de assumir papéis que não correspondem com sua idade. No comércio já se encontra sutiãs com enchimento para meninas a partir do tamanho 6. Programas de televisão criam concursos de beleza infantil - mais uma forma de violência que destrói a infância, acabando com sua inocência...
É comum a existência de festas temáticas para meninas, nas quais organizam um mini-spa ou um salão de beleza simulando manicure, pedicure, etc.; meninas com o cabelo pintado, alisado, ou usando salto alto e maquiagem. E quem ganha neste jogo triste? Sem dúvida o mercado de consumo.



Nas palavras da terapeuta Elena Mayorga:
"hoje em dia, as crianças, principalmente as meninas, estão sendo utilizadas e 'sexualizadas' como um meio para vender aos adultos e a elas mesmas todo tipo de produtos: desde sopas e carros, até bonecas, videogames, roupas, joias e casas. Estão expondo nossos filhos, e sobretudo as nossas filhas, como 'mercadoria sexual' e isso, em um mundo onde os abusos a menores ainda são comuns em muitos lugares, é um fato extremamente grave e perigoso."

As consequências às vezes se traduzem em mulheres frágeis, com baixa autoestima, com uma falsa ideia da beleza, com valores confusos sobre o corpo, extremamente vulneráveis, imersas em uma batalha constante consigo mesmas.

O culto ao corpo, à aparência acima de tudo, é uma triste referência errônea sobre o valor das pessoas. Estamos chegando a um ponto em que as pessoas deixam de ter valor se não tiverem uma aparência desejável - na maioria dos casos, aparências baseadas em corpos impossíveis e de falsa beleza: maquiagem exagerada, uso de objetos postiços, intervenções cirúrgicas. Tudo de forma não-natural, porque o natural não é aceitável. 

O que se ensina às meninas e aos meninos é a busca da eterna juventude e o sonho de um aspecto físico, que na maioria das ocasiões foge à lógica e ao natural. Esse sonho se converte em um desejo que nunca se alcança, já que se persegue algo impossível, chegando a se tornar uma obsessão que gera grande frustração.
A hipersexualização segue em alta velocidade e condena nossas crianças, principalmente nossas meninas, à busca do corpo impossível de aspecto perfeito; a valores e princípios que ficam no superficialismo, sem chegar ao aprofundamento, deixando de lado outras qualidade das pessoas e definitivamente fazendo deles objetos ao invés de sujeitos.

Em 2001, o informe Bailey definiu pela primeira vez o conceito de hipersexualização infantil como "a sexualização das expressões, posturas ou códigos de vestimenta considerados demasiadamente precoces".
Em 2007, a Associação de Psicologia Americana (APA) publicou um documento através do qual denuncia a tendência a sexualização de meninos e meninas na sociedade do século XXI. Tanto os produtos, como os meios destinados ao público infantil empregam de um modo perverso o erotismo e o valor sexual como fatores definitivos.  Ao fazê-lo se transmite uma perigosa mensagem aos meninos e meninas, pois mostram-lhes que tal erotismo pode proporcionar grandes benefícios sociais. A tragédia é que a mensagem pouco a pouco atinge profundamente a mente dos meninos e meninas e se transformam em uma forte crença. Os meninos e as meninas acreditam que para terem êxito social precisam ser sexualmente atrativos.




O que favorece a hipersexualização de meninas e meninos são:
  • Os meios de comunicação que nos oferecem uma imagem da mulher exageradamente sexualizada. Publicidade, séries, programas, e inclusive as bonecas exibem modelos de mulheres maquiadas, com roupa exagerada, que perseguem um único objetivo: ser populares e chamar atenção. Mas os meios ainda dão um passo a mais e nos mostram meninas atuando, se vestindo e falando como mulheres adultas em miniatura.
  • Muitas mulheres têm assumido passivamente, sem se dar conta e sem se queixar, sua condição de objeto. Têm aprendido que devem ser sexualmente desejáveis. Estas mulheres são mães, irmãs, tias, avós, etc., que se convertem em modelos a serem imitados pelas meninas. E é assim como dentro da própria família se transmite o padrão da hipersexualização.
Quando o único modelo é o de mulher popular, que só é considerada valiosa e admirada se for uma mulher que tem atributos que a tornem atraente ao sexo oposto, sem importar outras qualidades, estamos condenando as meninas e a toda uma geração a seguir tal padrão, a persegui-lo sem sequer considerar questioná-lo.

A hipersexualização infantil se transmite como uma silenciosa epidemia que se faz crer fortemente na mente social e coletiva.
Lutar contra a hipersexualização infantil é algo difícil, já que estamos perante um padrão que se estende como uma epidemia nas nossas sociedades modernas e que se serve dos grandes meios de comunicação que, com a desculpa de entreter-nos, aproveitam para transmitir mensagens (até mesmo subliminarmente) que nos fazem comprar, que nos fazem consumir certos tipos de produtos.
Há coisas que podemos fazer para evitar cair na hipersexualização de nossos filhos. Alguns conselhos:


  • Analisar nossos próprios valores e princípios, os quais estamos transmitindo a nossos meninos e meninas. O que fazemos e dizemos nos tornam um modelo livre do padrão de hipersexualização (claro que não seremos o único modelo que receberão, mas devemos lutar para sermos os principais e oferecer a eles outra alternativa).
  • Controlar o acesso às mídias e averiguar se os conteúdos que veem são apropriados para sua idade.
  • Desenvolver o senso crítico. Os meninos e meninas têm que conhecer o mundo, a sociedade em que vivem; mas é nosso trabalho lhes dar as ferramentas necessárias para viver bem na sociedade.
  • A comunicação. É importante tanto lhes explicar como escutar suas interpretações e crenças.
  • Transmitir valores mais humanos, como a colaboração, o amor, o respeito, a compaixão, etc., como algo mais que os adornos e o atrativo físico.
  • O desenvolvimento de um autoconceito completo: corpo, mente, espírito.
  • A compreensão de algo muito lógico: as pessoas são diferentes fisicamente, e a beleza se encontra não apenas em nossa aparência, mas também em nossa personalidade.
Deixemos de intervir e de encurtar a infância de nossos filhos. Meninas e meninos merecem viver sua infância em liberdade sem ser manipulados, sem serem apressados para crescer, para se fantasiar e parecer pequenos adultos. Isso é um direito das crianças. Meninas e meninos merecem desenvolver seus próprios gostos, preferências, moldar sua personalidade de acordo com a sua idade.

Evitemos apressar nossas filhas. Se têm 4, 6, 8, 10, 12, 14, 16 ou 20 anos, cada uma na sua idade e a seu tempo irão crescendo e mudando suas escolhas. Vale a pena defender e proteger até o último minuto do jogo da infância, porque isso constrói meninos e meninas fortes, seguros de si mesmos e de seu valor como pessoa. Vale muito a pena!

Fonte: Mama Natural


“Nós vivemos na Era do Fim” – Uma entrevista com Dari Dugina

quarta-feira, 14 de junho de 2017

Trazemos aqui a tradução de uma entrevista concedida por Dari Dugina em 2013 para o líder da Nova Resistência norte-americana, James Porazzo. Dugina é liderança da União da Juventude Eurasiana e faz parte do Global Revolutionary Alliance (GRA - "Alíança Revolucionária Global"). O conteúdo continua sendo muito interessante, especialmente para um grupo feminino e quarto-teórico como o MATRIA. Boa leitura.




Dari, você é uma Eurasianista da segunda geração, filha do nosso mais importante pensador e líder, Alexander Dugin. Você se importa em dividir conosco os seus pensamentos sobre ser uma jovem militante nessa altura da Kali Yuga?

Nós vivemos na era do fim – este é o fim da cultura, da filosofia, da política, da ideologia. Este é o tempo sem movimento real; a sombria profecia de Fukuyama sobre o “fim da história” torna-se uma espécie de realidade. Essa é a essência da Modernidade, da Kali Yuga. Nós estamos vivendo no momento do Finis Mundi. A chegada do Anticristo está nessa agenda. A noite exaustiva e profunda é o reino da quantidade, mascarado por conceitos tentadores como o Rizoma de Gilles Deleuze: os pedaços do Sujeito moderno se transformam na “presidenta” do filme “Tokyo Gore Police” (filme pós-moderno japonês) – o indivíduo do paradigma moderno se transforma nos pedaços do divíduo. “Deus está morto” e seu lugar é ocupado pelos fragmentos do indivíduo. Mas se nós fizermos uma análise política, vamos descobrir que essa nova condição do mundo é o projeto do liberalismo. As ideias extravagantes de Foucault, aparentemente revolucionárias em seu pathos, depois de uma análise mais escrupulosa mostram sua base conformista e (secretamente) liberal, que vai contra a hierarquia tradicional de valores, estabelecendo uma “nova ordem” pervertida na qual o topo é ocupado pelo indivíduo que cultua a si mesmo em sua decadência atomista. É difícil lutar contra a modernidade, mas certamente é insuportável viver nela – concordar com esse estado de coisas onde todos os sistemas estão transfigurados e os valores tradicionais tornaram-se uma paródia, purgados e ridicularizados em todas as esferas de controle sob os paradigmas modernos. Este é o reino da hegemonia cultural. E esse estado do mundo nos incomoda. Lutamos contra ele – pela ordem divina, pela hierarquia ideal. No mundo moderno o sistema de castas está completamente esquecido e transformado em uma paródia. Mas ele tem um ponto fundamental. Na república de Platão – lá está um pensamento muito interessante e importante: as castas e a hierarquia vertical na política são simplesmente o reflexo do mundo das ideias e do bem superior. Este modelo de política manifesta os princípios metafísicos básicos do mundo normal (espiritual). Com a destruição do sistema primordial de castas na sociedade, a dignidade do ser divino e sua Ordem são negadas. Renunciando ao sistema de castas e à ordem tradicional, brilhantemente descritos por Dumézil, nós prejudicamos a hierarquia de nossa alma. Nossa alma nada mais é do que o sistema de castas com uma ampla harmonia de justiça que une as três partes da alma (a filosófica – o intelecto, o guardião – a vontade, e os comerciantes – o desejo). Lutando pela tradição nós estamos lutando por nossa profunda natureza como criaturas humanas. O homem não é algo dado – ele é o objetivo. E nós estamos lutando pela verdade da natureza humana, ser humano é buscar a sobre-humanidade. Isto pode ser chamado guerra santa.

O que a Quarta Teoria Política significa para você?

Ela é a luz da verdade, de algo raramente autêntico nos tempos pós-modernos. É a ênfase correta nos graus da existência – os acordes naturais das leis do mundo. Ela é algo que cresce sobre as ruínas da experiência humana. Não pode haver sucesso sem as primeiras tentativas – todas as ideologias passadas continham em si mesmas aquilo que causou seu fracasso.
A Quarta Teoria Política é o projeto das melhores partes da ordem divina que podem ser manifestos em nosso mundo – do liberalismo tomamos a ideia de democracia (mas não em seu significado moderno) e liberdade no sentido evoliano; do comunismo aceitamos a ideia de solidariedade, anticapitalismo, anti-individualismo e a ideia de coletivismo; do fascismo tomamos o conceito de hierarquia vertical e a vontade de poder – o código heroico do guerreiro Indo-europeu.
Todas estas ideologias passadas sofreram de graves deficiências – democracia com o acréscimo de liberalismo virou tirania (o pior tipo de regime segundo Platão), o comunismo defendeu um mundo tecnocêntrico sem tradições nem origens, o fascismo seguiu uma orientação geopolítica errada e o seu racismo era Ocidental, Moderno, liberal e antitradicional.
A Quarta Teoria Política é a transgressão global destes defeitos – o desenho final da história futura (e em aberto). É o único caminho para defender a verdade.
Para nós, a verdade é o mundo multipolar, a florescente variedade de diferentes culturas e tradições.
Nós somos contra o racismo, contra o racismo cultural e estratégico da civilização ocidental moderna dos Estados Unidos, que é perfeitamente descrita pelo professor John M. Hobson em “A concepção Europocêntrica da política mundial”. O racismo estrutural (aberto ou subliminar) destrói a encantadora complexidade das sociedades humanas – primitivas ou complexas.

Você encontra desafios específicos em ser tanto uma jovem mulher quanto uma ativista nessa época?

Essa guerra espiritual contra o mundo (pós)moderno me dá a força para viver.
Eu sei que estou lutando contra a hegemonia do mal pela verdade da Tradição eterna. Ela está obscurecida agora, não completamente perdida. Sem ela nada poderia existir.
Eu penso que ambos os gêneros e qualquer idade têm suas formas de acessar a Tradição e seus modos de desafiar a Modernidade.
Minha prática existencial é abdicar da maioria dos valores da juventude globalista. Eu penso que precisamos ser diferentes desse lixo. Não acredito em coisa moderna alguma. A Modernidade está sempre errada.
Eu considero o amor uma forma de iniciação e realização espiritual. E a família deve ser a união de pessoas espiritualmente similares.

Além do seu pai, obviamente, quais outros autores você sugeriria aos jovens militantes que queiram aprender mais sobre nossas ideias?

Eu recomendo que se familiarizem com os livros de René Guenón, Julius Evola, Jean Parvulesco, Henri Corbin, Claudio Mutti, Sheikh Imran Nazar Hosein (tradicionalismo); Platão, Proclo, Schelling, Nietzsche, Martin Heidegger, E. Cioran (filosofia); Carl Schmitt, Alain de Benoist, Alain Soral (política); John M. Hobson, Fabio Petito (Relações Internacionais); Gilbert Durand, G. Dumézil (sociologia). O kit básico de leitura para nossa revolução intelectual e política.

Você passou agora algum tempo vivendo na Europa Ocidental. Como você compararia o estado do Oeste ao do Leste, depois dessa experiência em primeira mão?

De fato, antes da minha chegada à Europa eu pensava que esta civilização estava absolutamente morta e que nenhuma revolta seria possível lá. Eu comparava a Europa moderna liberal à alguém atolado em um pântano, sem possiblidade de protesto contra a hegemonia do liberalismo.
Lendo a imprensa estrangeira européia, vendo os artigos com títulos como “Putin – o satã da Rússia” / “a vida luxuosa do pobre presidente Putin” / “Pussy Riot – as grandes mártires da apodrecida Rússia” – essa ideia estava quase confirmada. Mas depois de algum tempo eu encontrei alguns grupos políticos antiglobalistas e movimentos da França – como o Égalité & Réconciliation, Engarda, Fils de France, etc – e tudo mudou.
Os pântanos da Europa se converteram em algo mais – com a possibilidade oculta de revolta. Eu encontrei a “outra Europa”, o “alternativo” Império oculto, o pólo geopolítico secreto.
A verdadeira Europa secreta devia ser despertada para lutar e destruir sua réplica liberal.
Agora eu estou absolutamente certa de que existem duas Europas, absolutamente diferentes – a liberal e decadente Europa Atlantista e a Europa alternativa (antiglobalista, antiliberal, orientada à Eurásia).
Guenón escreveu em “A Crise do Mundo Moderno” que nós devemos distinguir entre ser antimoderno e ser antiocidental. Ser contra a modernidade é ajudar o Ocidente em sua luta contra a Modernidade, a qual é construída sobre critérios liberais. A Europa tem sua própria cultura fundamental (eu recomendo o livro de Alain de Benoist – “As tradições da Europa”). Então eu encontrei essa Europa alternativa, secreta, poderosa, Tradicionalista e eu coloco as minhas esperanças em seus guardiões secretos.
Em outubro nós organizamos com o Égalité & Réconciliation uma conferência em Bordeaux com Alexander Dugin e Christian Bouchet, a sala era enorme e mesmo assim os lugares não foram suficientes para todos os que queriam assistir a essa conferência.
Isso mostra que algo está começando a se mover...
A respeito do que tenho visto sobre a Rússia: eu tenho notado que a maior parte dos europeus não confia nas informações da mídia e o interesse pela Rússia vem crescendo – vê-se pelo modo como aprendem Russo, assistem a filmes soviéticos e muitos europeus entendem que a mídia da Europa está totalmente influenciada pelo Leviatã hegemônico, a máquina de mentiras globalista e liberal.
Então as sementes do protesto estão no solo, com o tempo elas vão brotar, destruindo a “sociedade do espetáculo”.

Sua família inteira é uma grande inspiração aqui para nós do Open Revolt e do Nova Resistência. Você tem uma mensagem para os seus amigos e camaradas na América do Norte?

Eu realmente não posso deixar de admirar seu trabalho revolucionário intensivo! A maneira pela qual vocês estão trabalhando – através dos meios de comunicação – é a forma de matar o inimigo “por seu próprio veneno”, usando a estratégia da guerra de redes. Evola falou sobre isso em seu excelente livro “Cavalgar o Tigre”.
"Uomo differenzziato" é alguém que permanece no centro da civilização moderna, mas não a aceita no império interior de sua alma heroica. Ele pode usar os meios e armas da modernidade para causar uma ferida mortal ao reino da quantidade e seus golems.
Eu posso compreender que a situação nos EUA agora é difícil de suportar. É o centro do inferno, mas Hölderlin escreveu que o herói deve lançar-se ao abismo, no coração da noite e assim conquistar a escuridão.

Algum pensamento que você gostaria de compartilhar como encerramento?

Estudando na faculdade de filosofia e trabalhando com Platão e o neoplatonismo, eu posso perceber que a política não é nada além da manifestação dos princípios metafísicos básicos que repousam no fundamento do ser.
Ao fazer a guerra política pela Quarta Teoria Política, nós também estamos estabelecendo a ordem metafísica – manifestando-a no mundo material.
Nossa batalha não é apenas pelo estado ideal humano – ela é também a guerra santa para o restabelecimento da ontologia correta.


"É difícil lutar contra a modernidade, mas certamente é insuportável viver nela."


Fonte: Open Revolt

A participação feminina no conflito do Arraial de Canudos

terça-feira, 6 de junho de 2017

"Não foram só os homens, em Canudos,  que se distinguiram na guerra. Houve várias mulheres que participaram da luta heroicamente!" (Edmundo Muniz) 



Canudos foi uma comunidade religiosa, autossuficiente, localizada no sertão baiano. Comunidade que tinha como base a auto gestão, onde  todos trabalhavam a terra e tudo o que era produzido era partilhado entre as famílias e pessoas do Arraial, sendo o excesso destinado para sua manutenção.

Canudos estava sob a liderança de Antônio Conselheiro, homem de fé, inteligente, simples e politizado, defensor ferrenho de uma vida honesta para os sertanejos e de uma justa distribuição de terras (reforma agrária) para todos que viviam da mesma. 

Canudos, assim como chamou atenção para todos os que lá encontraram abrigo, também despertou a fúria da elite da época. Os  latifundiários, juntamente com  o governo,  financiaram quatro  expedições para destruir o arraial, que  venceu todas, porém veio a perecer na quinta e última, depois de um grande reforço das forças armadas do governo!

As Mulheres em defesa de Canudos 

Com as investidas do exército, homens e mulheres se aliaram em defesa de Canudos e aqui daremos ênfase à participação feminina. 

As mulheres em Canudos eram bastante respeitadas, tanto as casadas como as solteiras,  as mães solteiras tinham o mesmo respeito que as mães casadas, o estupro era condenado e a prostituição não era tolerada.

Maria Rita, também conhecida como "a virgem das caatingas", com a idade de 18 anos tinha fama por ter boa mira e usar roupa de couro, ficando conhecida por ter se envolvido em um combate corpo a corpo na Guerrilha de Tabuleirinhos. Segundo as palavras de Moniz: "Todos respeitavam aquela mulher de largas cadeiras, apesar de magra e ágil, de olhos amendoados e maçãs salientes... Cabelos caídos nas costas, atados por uma fita, queimada de sol e que sempre se encontrava nas posições mais perigosas". Infelizmente, a virgem das caatingas tomou um tiro fatal,  morrendo no santuário da Comunidade. 

Outra brava guerreira, chamada Santinha, organizou um piquete feminino  com mulheres armadas, no intuito de  socorrer os feridos e levar os mortos para serem sepultados em Canudos. Além destas atuações honrosas, outros destaques são as professoras, Maria Francisca de Vasconcelos e Marta Figueira que, além de serem educadoras, participaram ativamente como enfermeiras durante os conflitos em defesa do Arraial. Maria Francisca veio a falecer no conflito, enquanto Marta Figueira morreu em 1944. 

Resgatar um pouco a história dessas mulheres é uma forma de manter viva a memória de suas lutas e uma maneira de não esquecer o quanto a questão da terra também sempre esteve ligada ao feminino, pois é a terra que proporciona terreno fértil para que as famílias prosperarem e possam dar continuidade às suas linhagens. A mulher tem um papel fundamental nessa missão! 

Nós apoiamos a luta das mulheres camponesas e repudiamos toda a ação impetrada pelos lacaios do agronegócio que expropriam o trabalhador da sua terra com o intuito de servir ao grande capital!
Matria
Feminilidade, Coragem e Tradição!

 
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