A participação feminina no conflito do Arraial de Canudos

terça-feira, 6 de junho de 2017

"Não foram só os homens, em Canudos,  que se distinguiram na guerra. Houve várias mulheres que participaram da luta heroicamente!" (Edmundo Muniz) 



Canudos foi uma comunidade religiosa, autossuficiente, localizada no sertão baiano. Comunidade que tinha como base a auto gestão, onde  todos trabalhavam a terra e tudo o que era produzido era partilhado entre as famílias e pessoas do Arraial, sendo o excesso destinado para sua manutenção.

Canudos estava sob a liderança de Antônio Conselheiro, homem de fé, inteligente, simples e politizado, defensor ferrenho de uma vida honesta para os sertanejos e de uma justa distribuição de terras (reforma agrária) para todos que viviam da mesma. 

Canudos, assim como chamou atenção para todos os que lá encontraram abrigo, também despertou a fúria da elite da época. Os  latifundiários, juntamente com  o governo,  financiaram quatro  expedições para destruir o arraial, que  venceu todas, porém veio a perecer na quinta e última, depois de um grande reforço das forças armadas do governo!

As Mulheres em defesa de Canudos 

Com as investidas do exército, homens e mulheres se aliaram em defesa de Canudos e aqui daremos ênfase à participação feminina. 

As mulheres em Canudos eram bastante respeitadas, tanto as casadas como as solteiras,  as mães solteiras tinham o mesmo respeito que as mães casadas, o estupro era condenado e a prostituição não era tolerada.

Maria Rita, também conhecida como "a virgem das caatingas", com a idade de 18 anos tinha fama por ter boa mira e usar roupa de couro, ficando conhecida por ter se envolvido em um combate corpo a corpo na Guerrilha de Tabuleirinhos. Segundo as palavras de Moniz: "Todos respeitavam aquela mulher de largas cadeiras, apesar de magra e ágil, de olhos amendoados e maçãs salientes... Cabelos caídos nas costas, atados por uma fita, queimada de sol e que sempre se encontrava nas posições mais perigosas". Infelizmente, a virgem das caatingas tomou um tiro fatal,  morrendo no santuário da Comunidade. 

Outra brava guerreira, chamada Santinha, organizou um piquete feminino  com mulheres armadas, no intuito de  socorrer os feridos e levar os mortos para serem sepultados em Canudos. Além destas atuações honrosas, outros destaques são as professoras, Maria Francisca de Vasconcelos e Marta Figueira que, além de serem educadoras, participaram ativamente como enfermeiras durante os conflitos em defesa do Arraial. Maria Francisca veio a falecer no conflito, enquanto Marta Figueira morreu em 1944. 

Resgatar um pouco a história dessas mulheres é uma forma de manter viva a memória de suas lutas e uma maneira de não esquecer o quanto a questão da terra também sempre esteve ligada ao feminino, pois é a terra que proporciona terreno fértil para que as famílias prosperarem e possam dar continuidade às suas linhagens. A mulher tem um papel fundamental nessa missão! 

Nós apoiamos a luta das mulheres camponesas e repudiamos toda a ação impetrada pelos lacaios do agronegócio que expropriam o trabalhador da sua terra com o intuito de servir ao grande capital!
Matria
Feminilidade, Coragem e Tradição!

 
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